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China ganha espaço após Trump cortar financiamento climático internacional dos EUA

08/05/2025

As Filipinas, entre os países do Sudeste Asiático, têm o relacionamento mais contencioso com a China: estão envolvidas em uma disputa territorial prolongada e de alto risco com Pequim no mar do sul da China e acusaram grupos patrocinados pelo Estado chinês de tentar interferir nas eleições de meio de mandato deste mês.
Mas essas tensões, e as preocupações associadas com a segurança nacional, não impediram as Filipinas de recorrerem à China para a infraestrutura de energia renovável necessária para seu desenvolvimento —principalmente porque a tecnologia verde fabricada na China é muito mais barata que as ofertas americanas e europeias.
"A oferta chinesa era muito mais baixa que a dos concorrentes europeus, então para nós foi um despertar", disse Gerry P. Magbanua, presidente da Alternergy, empresa de energia renovável sediada em Manila, relembrando as propostas que recebeu para construir dois parques eólicos nas Filipinas.
Isso já era verdade mesmo antes de Donald Trump assumir o cargo de presidente dos EUA. Mas o esforço de Pequim para dominar o Sudeste Asiático —tanto em tecnologia verde quanto como superpotência regional— recebeu um impulso bem-vindo da decisão de Trump de cortar o financiamento climático destinado a impulsionar a transição para energia renovável ao mesmo tempo em que ameaça a região com tarifas.
"A China não precisa fazer nada para vencer", disse Samantha Custer, diretora de análise política da AidData, um grupo de pesquisa da William & Mary, universidade na Virgínia. Pequim tem persistentemente tentado "semear dúvidas de que os EUA não são um parceiro econômico e de segurança confiável, e infelizmente as pessoas estão agora vendo os EUA reforçar essas dúvidas", disse Custer.
O líder chinês Xi Jinping procurou capitalizar isso no mês passado quando viajou pelo Vietnã, Malásia e Camboja —que enfrentam tarifas americanas de 46%, 47% e 49%, respectivamente— prometendo entregar "desenvolvimento verde" em toda a região através de acordos de infraestrutura de energia limpa.
A China assumiu nos últimos anos uma liderança global dominante na fabricação de tecnologia verde: fabrica e usa mais painéis solares, turbinas eólicas e veículos elétricos do que o resto do mundo combinado, e pode produzi-los a um custo menor que seus rivais.
Países em desenvolvimento precisam de quantidades massivas de energia renovável se esperam crescer suas economias sem agravar as mudanças climáticas, e a China está rapidamente se tornando seu fornecedor preferido.
Investimentos e acordos de construção de energia chineses em países que aderiram à política de comércio e infraestrutura emblemática de Xi, a Iniciativa Cinturão e Rota, chegaram a quase US$ 40 bilhões (cerca de R$ 228 bilhões) no ano passado, e um recorde de US$ 11,8 bilhões (aproximadamente R$ 67 bilhões) disso foi para energia verde, segundo análise da Universidade Griffith na Austrália.
Pequim agora está usando suas credenciais em tecnologia verde para marcar pontos contra o cético climático Trump. Após a turnê de Xi pelo sudeste asiático, o Ministério das Relações Exteriores da China declarou que "alguns" países —referindo-se aos EUA— estão aumentando os custos das energias renováveis para o mundo, enquanto Pequim "trabalha com todas as partes para usar meios ´verdes´ para capacitar o desenvolvimento."
A administração Trump está tentando impedir que a China use o sudeste asiático como um centro de fabricação e exportação para sua tecnologia verde destinada aos Estados Unidos. No mês passado, o Departamento de Comércio impôs tarifas de até 3.500% sobre fabricantes chineses de painéis solares baseados nos três países que Xi visitou, além da Tailândia, após decidir que estavam recebendo subsídios do governo chinês.
Trump havia anteriormente cortado o financiamento climático internacional, que aumentou durante a administração Biden de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,6 bilhões) em 2021 para US$ 11 bilhões (R$ 63 bilhões) em 2024, e efetivamente encerrou o trabalho da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) na promoção de energia renovável no mundo em desenvolvimento.
"Se os Estados Unidos não forem uma alternativa, então não haverá escolha para os países da região além de maior interdependência e maior integração" com a China, disse um ex-alto funcionário da Usaid, que falou sob condição de anonimato para discutir um debate político sensível.
Em vez de tentar igualar a China em gastos, a Usaid estava trabalhando com outras agências dos EUA para construir mercados transparentes, atrair investimentos diversos e incentivar a concorrência justa. O objetivo, segundo os funcionários, era "atrair" apoio de instituições internacionais e outros países desenvolvidos para que a China não fosse o único provedor de energia renovável no sul global.
O fim da assistência americana ao desenvolvimento para tecnologia verde "deixa o campo completamente incontestado" para a China, disse o ex-funcionário.
Isso piora o dilema enfrentado por países como as Filipinas.
Um arquipélago com uma longa costa regularmente castigada por tufões tropicais, inundações e deslizamentos de terra, enfrenta risco elevado de intensificação de eventos climáticos extremos.
Mas a administração do presidente Ferdinand Marcos Jr. tem se preocupado cada vez mais que a dependência de Pequim possa evoluir para uma vulnerabilidade de segurança nacional enquanto tenta aumentar a participação da energia renovável de 22% atualmente para 35% em 2035.
O aumento das tensões com Pequim sobre ilhas disputadas reviveu uma controvérsia sobre uma empresa estatal chinesa que possui uma participação de 40% na rede elétrica nacional. Barragens hidrelétricas apoiadas pelos chineses também foram examinadas devido a alegações de que os contratos favorecem os parceiros chineses.

Conclua a leitura desta reportagem acessando a Folha de S. Paulo

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