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Jardins de chuva: solução que reduz os impactos de alagamentos

01/04/2025

Com o aumento da frequência e intensidade de temporais, as cidades brasileiras estão adotando novas estratégias para prevenir enchentes e alagamentos. Uma solução que tem ganhado destaque são os jardins de chuva, áreas projetadas para receber e infiltrar a água da chuva no solo. São Paulo, com mais de 400 jardins de chuva em funcionamento, e Belo Horizonte, com mais de 60 projetos executados, são exemplos de cidades que instituíram políticas públicas para ampliar esses espaços, incluindo incentivos para a participação da população na manutenção dos jardins.
Cecilia Herzog, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e consultora de projetos que utilizam Soluções Baseadas na Natureza (SBN) para enfrentar desafios urbanos, acredita que o crescente interesse dos gestores públicos e da população pelos jardins de chuva é um primeiro passo para mudar o paradigma da urbanização no Brasil. Segundo ela, atualmente há projetos-piloto inspirados em infraestrutura verde em várias regiões do país e outras partes do mundo. “Bem planejados, os jardins de chuva podem minimizar os impactos das chuvas. É uma solução inteligente e relativamente barata que tem, sobretudo, um papel educativo, ajudando a população a entender a necessidade de tornar nossas cidades mais permeáveis”, afirma Herzog.
Embora pareça um jardim comum, esta Solução Baseada na Natureza (SBN) inclui camadas subterrâneas com terra, areia e pedras de diferentes tamanhos para facilitar a infiltração da água no solo. Herzog, que é especialista em paisagismo urbano, ressalta que os jardins de chuva devem ser integrados a outras soluções que permitem o retorno da natureza aos espaços urbanos.
“Está claro que não podemos lutar contra a natureza impermeabilizando o solo, canalizando rios e suprimindo áreas verdes. A única alternativa para se adaptar ao novo cenário climático, cada vez mais desafiadoras, é considerar a natureza como solução, e não como inimiga”, defende o pesquisador.
Além da expansão dos jardins de chuva, especialistas sugerem combinar medidas estruturais tradicionais com o SBN, como a renaturalização de rios, biovaletas, parques lineares, parques alagáveis, telhados verdes, hortas comunitárias e cisternas para captação e reutilização da água da chuva. “Essas iniciativas combinadas podem tornar as cidades mais resilientes e adaptadas, reduzindo os problemas e prejuízos cotidianos causados pelas tempestades”, pontua Juliana Baladelli Ribeiro, Gerente de Projetos da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Juliana acrescenta que fortalecer a infraestrutura verde em áreas urbanas também oferece benefícios ambientais, como regulação do microclima local, conservação da biodiversidade e melhoria geral das condições ambientais. “Além de mitigar os riscos de alagamentos e inundações, essas soluções trazem benefícios adicionais, incluindo maior contato da população com a natureza, o que é crucial para nossa saúde e bem-estar”, destaca Juliana.
Os especialistas salientam que os jardins de chuva já são uma realidade bem sucedida em diversos países do mundo há mais de uma década. Em Nova Iorque (EUA), por exemplo, milhares desses espaços integram o programa local de infraestrutura verde para enfrentar as mudanças climáticas e melhorar a gestão das águas pluviais. No Brasil, um dos maiores jardins de chuva está localizado em São Paulo (SP), na Rua Major Natanael, no bairro do Pacaembu. O complexo possui 11 jardins de chuva instalados, com 2,3 mil metros quadrados de área, conectados ao sistema de drenagem.
Em Belo Horizonte (MG), a prefeitura criou uma política de incentivos para que a população da manutenção dos jardins de chuva. Proprietários de imóveis que adotam esses jardins podem obter até 10% de desconto no valor anual do IPTU, limitado a R$ 2 mil. Em Curitiba (PR), a Câmara Municipal recebeu em janeiro de 2025 um projeto de lei que propõe tornar os jardins de chuva uma chuva uma política pública municipal para combater os alagamentos.
Um estudo divulgado em dezembro pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica – coordenado pelo Programa Maré de Ciência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela UNESCO –, em parceria com a Fundação Grupo Boticário, revelou que os desastres climáticos no Brasil aumentaram 250% nos últimos quatro anos (2020–2023), em comparação com a década de 1990. O levantamento, com dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, indicou que entre 1991 e 2023 foram registrados 6.523 desastres climáticos em municípios brasileiros, enquanto no período de 2020–2023 ocorreram 16.306 eventos.
A publicação “Cidades do Futuro: As Soluções Baseadas na Natureza ajudando a superar a emergência climática”, editada pela Aliança Bioconexão Urbana, destaca exemplos de SBN aplicados em várias regiões do Brasil e do mundo, evidenciando seus benefícios para as pessoas e para o meio ambiente.

Fonte: CicloVivo

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