
27/03/2025
Brent Dmitruk se autodenomina um "previsor" de terremotos.
Em meados de outubro, ele disse às suas dezenas de milhares de seguidores nas redes sociais que um terremoto atingiria em breve o ponto mais ocidental da Califórnia, ao sul da pequena cidade costeira de Eureka, nos EUA.
Dois meses depois, um tremor de magnitude 7,3 atingiu o local ao norte da Califórnia — colocando milhões de pessoas sob alerta de tsunami, e aumentando o número de seguidores de Dmitruk, que confiaram nele para prever o próximo abalo sísmico.
"Então, para as pessoas que menosprezam o que eu faço: como vocês podem argumentar que é apenas uma coincidência? É preciso ter muita habilidade para descobrir para onde os terremotos vão", afirmou ele na véspera do Ano Novo.
Mas há um problema: os terremotos não podem ser previstos, dizem os cientistas que estudam o fenômeno.
É exatamente essa imprevisibilidade que os torna tão perturbadores. Milhões de pessoas que vivem na costa oeste da América do Norte temem que o "Big One" (que significa "O Grande") possa acontecer a qualquer momento, alterando paisagens e inúmeras vidas.
Lucy Jones, sismóloga que trabalhou para o Serviço Geológico dos EUA (USGS, na sigla em inglês) por mais de três décadas, e é autora de um livro chamado The Big Ones, concentrou grande parte de sua pesquisa nas probabilidades de terremotos e na melhoria da resiliência para resistir a esses eventos cataclísmicos.
Desde que começou a estudar terremotos, Jones conta que sempre houve pessoas querendo uma resposta para quando o "Big One" — que significa coisas diferentes, em regiões diferentes — vai acontecer, e alegando ter desvendado a questão.
"A necessidade humana de criar um padrão diante do perigo é extremamente forte, é uma resposta humana bastante normal ao medo", diz ela à BBC. "No entanto, isso não tem nenhum poder de previsão."
Com cerca de 100 mil terremotos registrados no mundo todo a cada ano, de acordo com o USGS, é compreensível que as pessoas queiram ser avisadas.
A região de Eureka, uma cidade costeira a 434 quilômetros ao norte de San Francisco, onde ocorreu o terremoto de dezembro, registrou mais de 700 terremotos somente no último ano — incluindo mais de 10 apenas na última semana, segundo os dados.
A região, onde Dmitruk adivinhou corretamente que haveria um terremoto, é uma das "áreas sismicamente mais ativas" dos EUA, de acordo com o USGS. Sua volatilidade se deve ao encontro de três placas tectônicas, uma área conhecida como Junção Tripla de Mendocino.
É o movimento das placas em relação umas às outras — seja acima, abaixo ou ao lado — que causa o acúmulo de estresse. Quando a tensão é liberada, pode ocorrer um terremoto.
Adivinhar que um tremor aconteceria aqui é uma aposta fácil, diz Jones, embora um terremoto forte, de magnitude sete, seja bastante raro.
O USGS destaca que houve apenas 11 terremotos deste tipo ou mais fortes desde 1900. Cinco deles, incluindo o que Dmitruk promoveu nas redes sociais, ocorreram na mesma região.
Embora o palpite estivesse correto, Jones afirma à BBC que é improvável que qualquer terremoto — inclusive os maiores, que devastam a sociedade — possa ser previsto com precisão.
Segundo ela, há um conjunto complexo e "dinâmico" de fatores geológicos que levam a um terremoto.
A magnitude de um terremoto é provavelmente formada à medida que o evento está ocorrendo, Jones explica, usando o ato de rasgar um pedaço de papel como analogia: o rasgo vai continuar a menos que haja algo que o interrompa ou retarde — como marcas de água que deixam o papel molhado.
Os cientistas sabem por que ocorre um terremoto — movimentos repentinos ao longo de falhas geológicas —, mas prever este evento é algo que, segundo o USGS, não pode ser feito, e algo que "não esperamos descobrir em um futuro próximo".
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