30/01/2025

Você já deve ter ouvido falar do projeto Revolução dos Baldinhos, que promove a compostagem e o desenvolvimento da agricultura urbana em Florianópolis há mais de uma década. Além deste, no CicloVivo, já trouxemos diversos outros exemplos de iniciativas que estão promovendo a compostagem doméstica e comunitária dos resíduos urbanos por diversos cantos do país. Quem tem interesse no tema, tem agora disponível um site que reúne exemplos de incentivo à compostagem em 11 estados do Brasil.
Desenvolvida pelo Instituto Pólis, a plataforma online “Brasil Composta Cultiva” traz informações e dados atualizados sobre 16 ações de gestão de resíduos orgânicos de Norte ao Sul, que envolvem mais de 6 mil pessoas. Além de compostagem, são listadas iniciativas de ​​coleta seletiva de orgânicos, biodigestão anaeróbica para produção de biogás e Recuperação Mecânica e Tratamento Biológico de resíduos.
O site aponta ferramentas, dados e estudos de caso bem-sucedidos no Brasil. Também é possível esclarecer dúvidas sobre a gestão de resíduos sólidos orgânicos, visando ao aumento da reciclagem e à redução das emissões de metano no setor de resíduos no Brasil. Desta forma, a plataforma pode servir de inspiração para gestores e técnicos municipais, cooperativas de catadoras e catadores de materiais recicláveis e profissionais do setor.
Um dos casos destacados na plataforma Brasil Composta Cultiva é o projeto Lixo Orgânico Zero (LOZ), desenvolvido na cidade de Lages, em Santa Catarina. Com apoio financeiro entre 2018 e 2022, o LOZ promoveu o reaproveitamento dos resíduos orgânicos compostáveis domésticos e a redução da disposição final em aterro sanitário, gerando uma grande economia de recursos para o município. Confira abaixo os detalhes da iniciativa:
O Método Lages de Compostagem, sistema desenvolvido para compostagem in loco, é realizado diretamente nos canteiros de plantios. Desta forma, em um espaço de dez metros quadrados, é possível compostar uma tonelada de resíduos por ano. O grande segredo do sistema foi o engajamento e capacitação da população para reter os resíduos orgânicos na fonte. Para tanto, o município proporcionou orientações e ações de educação ambiental para a população.
O projeto beneficiou 15 mil domicílios e 111 instituições, levando à diminuição de 27% no total de resíduos orgânicos compostáveis enviados para aterro sanitário, uma economia média de R$3,5 milhões: cerca de R$173,00 por tonelada desviada do aterro sanitário. A compostagem dos resíduos ainda proporcionou a transformação em adubo para o cultivo de hortas domésticas e escolares, sendo um exemplo bem sucedido de compostagem no Brasil.
Um dos pontos centrais de todo esse trabalho do Instituto Pólis é chamar atenção para a contribuição brasileira nas emissões globais de metano, um dos três mais importantes gases causadores do efeito estufa.
O Brasil ocupa o 5º lugar como maior emissor global do gás metano, contribuindo com 5,5% do total emitido no planeta. Nos últimos anos, o setor de resíduos registrou um aumento de 200% nas emissões de gases de efeito estufa. Atualmente, o setor responde por 16% das emissões nacionais de metano, colocando o descarte de resíduos orgânicos em aterros sanitários como a segunda maior fonte no país. Para reverter esse quadro, parte da solução está justamente na gestão adequada dos resíduos orgânicos.
A iniciativa Brasil Composta Cultiva tem apoio do Global Methane Hub (GMH), Aliança Global para Alternativas de Incineradores (GAIA) e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Segundo o Pólis, o objetivo da plataforma é identificar e fortalecer os projetos existentes de manejo e reciclagem de resíduos orgânicos no Brasil. Conheça aqui a Brasil Composta Cultiva.

Fonte: CicloVivo