30/01/2025
A Shell dominou o mercado global de créditos de carbono de US$ 1,4 bilhão (R$ 8,2 bilhões) no ano passado, enquanto as empresas de petróleo e gás reduziram seus gastos com energia limpa e dependeram mais fortemente de compensações para atingir suas metas climáticas do que qualquer outro setor.
Um crédito de carbono equivale a uma tonelada de CO₂ ou outros gases de efeito estufa reduzidos, removidos ou economizados, e são usados como uma maneira mais barata de avançar em direção às promessas climáticas feitas aos investidores.
As grandes petrolíferas listadas no Reino Unido, Shell e BP, reduziram seus gastos com energia limpa no ano passado. A Shell também enfraqueceu suas metas climáticas.
O mercado voluntário de carbono funciona paralelamente a sistemas de negociação maiores e mais caros administrados por governos, incluindo o Sistema de Comércio de Emissões da UE (União Europeia), sob o qual os poluidores negociam permissões que lhes dão o direito de emitir.
A Shell usa créditos para ajudar a manter algumas de suas promessas climáticas, incluindo uma meta de reduzir as emissões por unidade de energia vendida em 15% a 20% até o final da década em comparação com 2016.
Para serem usados como compensações, os créditos devem primeiro ser "aposentados", o que significa que não podem ser negociados novamente, de modo que a economia só pode ser contada uma vez.
A MSCI Carbon Markets, cujos dados preliminares do ano passado cobrem as principais plataformas que emitem créditos de carbono, disse que a Shell removeu 14,9 milhões de créditos do comércio global em 2024, mais do que o dobro do produtor de energia italiano Eni, o segundo maior usuário.
Dados separados mostram que a Shell "aposentou" quase três vezes mais créditos do que o próximo usuário mais proeminente, a Microsoft, no ano passado, disse a Allied Offsets ao Financial Times. Seu banco de dados cobre 99% do mercado.
"Aposentamos créditos para compensar emissões, incluindo aquelas associadas à energia que nossos clientes usam em transporte, residências, produção de bens e prestação de serviços", disse a Shell.
A empresa acrescentou que "a descarbonização deve começar com evitar e reduzir emissões", mas que os créditos de carbono poderiam "compensar" emissões onde não fosse possível trocar tecnologias por alternativas de emissão zero rapidamente.
Os mercados voluntários de carbono fora da jurisdição dos governos foram abalados por acusações de fraude, dupla contagem, abuso de comunidades indígenas e metodologias falhas.
Desde então, grupos de energia pausaram algumas de suas compras de novos créditos apoiados por projetos verdes, como plantio de árvores ou armazenamento de CO₂ no subsolo, disse Dirk Forrister, diretor executivo da Associação Internacional de Comércio de Emissões, um grupo de lobby com sede na Suíça.
Mas eles têm usado seu estoque antigo de créditos e os contabilizado para metas climáticas.
Em contraste, grupos de tecnologia como a Microsoft continuaram a fechar novos acordos para compensar suas emissões impulsionadas por IA nos próximos anos. "A tecnologia pode ter subido um pouco, petróleo e gás recuaram um pouco", disse Forrister.
Grupos europeus de petróleo —Shell, BP, TotalEnergies, Eni e Equinor— ainda estão comprometidos com emissões líquidas zero até 2050, sugerindo que devem investir em créditos se quiserem evitar reformular todo o seu modelo de negócios.
O setor de combustíveis fósseis, no geral, foi responsável por mais de 4 em cada 10 créditos usados no ano passado, três vezes mais do que qualquer outro setor, e uma proporção ligeiramente maior do que em 2023, mostraram também os dados da MSCI.
A Shell aposentou mais créditos cumulativamente do que qualquer outra empresa, disse a Allied Offsets, com a grande maioria desses vinculados a projetos que evitam emissões hipotéticas, como quando uma floresta é protegida de ser derrubada.
Uma pessoa próxima à Shell disse que seu portfólio de créditos estava vinculado a "uma ampla gama de projetos diversos em todo o mundo".
Fonte: Folha de S. Paulo
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