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Cortes de Trump ameaçam projetos ambientais no Brasil e geram apreensão entre pesquisadores

30/01/2025

Projetos de preservação do ambiente, de proteção dos povos indígenas no Brasil e pesquisas científicas na Amazônia estão entre os prejudicados pelo corte de financiamento para ajuda externa ordenado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Os cortes impactam projetos no Brasil, parcerias entre os países e uma rede de pesquisa científica que vem desde a década de 1980 e emprega centenas de profissionais nas duas nações.
Procurada, a embaixada dos EUA não respondeu sobre o valor do corte nem sobre quantas iniciativas apoiadas podem ficar sem recursos.
A Usaid, agência americana voltada para assistência internacional e ajuda humanitária, disse que toda a ajuda externa que não foi aprovada pelo Departamento de Estado (a diplomacia de Washington) está suspensa "com o objetivo de uma revisão minuciosa".
Na última sexta (24), entidades ambientais foram informadas pela Usaid sobre a suspensão dos recursos por 90 dias. O ofício enviado pela agência, no entanto, não dá detalhes sobre o congelamento. Sob reserva, cientistas e pesquisadores já admitem a suspensão de atividades e não descartam o encerramento de projetos em andamento.
Um comunicado oficial da Casa Branca divulgado ainda no dia 20 de janeiro, quando Trump tomou posse, afirma que a estrutura de assistência internacional dos EUA não estava alinhada aos interesses do país. O decreto suspende os repasses em todas as áreas por três meses para reavaliação. Durante esse período, será decidido quais financiamentos serão continuados, modificados ou encerrados.
De acordo com a Casa Branca, a partir de agora serão aceitas apenas iniciativas "alinhadas com a política externa do presidente".
Desde que voltou ao cargo, Trump já deixou o Acordo de Paris —tratado de metas globais para redução da emissão de poluentes—, cortou incentivos de projetos sustentáveis e impulsionou os combustíveis fósseis. É um contraponto ao seu antecessor, Joe Biden, que tinha um discurso de preservação da Amazônia. Um dos últimos atos do democrata na Presidência foi, em uma viagem ao Brasil, o anúncio de uma promessa de US$ 50 milhões (R$ 294 mi, na cotação atual) para ações de preservação no bioma —a verba ainda não saiu do papel, pendente de aprovação do Congresso dos EUA.
Entre as iniciativas financiadas pela Usaid no Brasil está a Parceria pela Conservação da Amazônia, que reúne uma série de projetos em defesa do bioma. Já a Mais Unidos, outro braço da agência, tem em seu portfólio iniciativas que oferecem internet na região, promovem projetos de manejo e restauração da floresta e aulas de inglês para indígenas, ribeirinhos, quilombolas, acadêmicos e em comunidades extrativistas.
Também recebem dinheiro dos EUA organizações como a WWF Brasil e o IEB (Instituto Internacional de Educação do Brasil). Em 2023, Washington se comprometeu com US$ 638 mil (R$ 3,7 milhões, na cotação atual) para o CTI (Centro de Trabalho Indigenista), verba que agora está em xeque.
Além dos cortes de financiamento, Trump endureceu regras migratórias, o que também gera apreensão entre pesquisadores que atuam no país. "Há vários pesquisadores brasileiros aqui que estão em uma incerteza, que nunca houve, com medo de perderem seus vistos de permanência. Pessoas com família, filhos. Ninguém sabe o que vai acontecer", diz a cientista Ludmila Rattis, que vive nos EUA.
Atualmente ela atua para o Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), que fica no Brasil, e para o Woodwell Climate Research Center, com sede em Massachusetts —as duas entidades recebem verba do governo americano.
Cláudio Ângelo, coordenador de política internacional do Observatório do Clima, lembra que as parcerias com os EUA foram fundamentais para fomentar o conhecimento que se tem hoje sobre a Amazônia —a primeira de grande importância, em 1985, para medir a pureza do ar do bioma.
"E foi por isso que a gente começou a olhar para o território amazônico com imagem de satélite. Toda a excelência do Brasil em observação da Terra hoje deriva desses programas de cooperação. Então, é uma relação histórica importantíssima", diz ele.
Ângelo afirma que o movimento americano na década de 1980 foi uma resposta à influência que outras economias, como Alemanha ou Japão, exerciam sobre a América Latina. O resultado foi uma proliferação de acordos de cooperação.
O Programa da Biosfera-Atmosfera da Amazônia (conhecido como LBA), um dos mais importantes centros de formação ambiental-científica, nasceu de acordo com a Nasa (agência espacial dos EUA), que mantém uma série de parcerias com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial).
"Hoje quem pilota a maior parte disso são pesquisadores brasileiros, que inclusive ensinam para o resto do mundo como fazer monitoramento de floresta tropical. Mas esse corte é um sinal dos tempos. Algo que teve uma importância gigantesca e que está sendo assassinado hoje, numa canetada", completa.

Fonte: Folha de S. Paulo

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