28/01/2025
Em 2024, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador geraram quase cinco mil toneladas de resíduos nos dias oficiais de folia carnavalesca, destacou uma reportagem da CBN com dados oficiais das respectivas prefeituras. De fato, basta caminhar por alguns minutos pelos blocos de rua para entender que a quantidade de itens espalhados nas vias é gigantesca. Seria possível promover a reciclagem e reaproveitamento de grande parte desses materiais descartados? Seria possível o Carnaval, uma das maiores manifestações culturais do Brasil, se tornar um símbolo de inovação socioambiental? Estes são alguns objetivos da proposta de Carnaval Sustentável lançada pelo CADES (Conselho de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz) da Subprefeitura de Pinheiros, em São Paulo.
Criado para promover diálogo e participação social, o CADES atua como um espaço de mobilização da sociedade civil para fomentar políticas públicas e projetos transformadores. No caso do Carnaval, o movimento busca transformar o Carnaval em um modelo exemplar de responsabilidade ambiental, inclusão social e governança participativa.
“Surgiu de forma independente, ouvindo moradores, foliões, blocos de rua, comerciantes locais e grandes patrocinadores para que a festa se torne uma plataforma de transformação socioambiental. Queremos que o Carnaval deixe um legado positivo para todos, desde moradores até grandes patrocinadores, e não apenas um impacto passageiro”, diz Ana Slikta, membro do CADES e organizadora do projeto.
No centro da proposta está um manifesto que detalha ações concretas, como a gestão adequada dos resíduos, ações de economia circular, melhoraria da infraestrutura para ambulantes, blocos, foliões e fortalecimento do comércio local. Além disso, defende a criação de um comitê participativo, envolvendo moradores, comerciantes e representantes do poder público para assegurar decisões democráticas e inclusivas.
O manifesto defende que os patrocinadores vão além do apoio financeiro tradicional e assumam compromissos concretos alinhados aos princípios de ESG (termo em inglês para Ambiental, Social e Governança). Isso inclui investir em iniciativas de sustentabilidade, promover práticas responsáveis durante o evento e contribuir ativamente para reduzir seus impactos. “As empresas que se beneficiam muito deste evento precisam reconhecer o alcance do impacto que geram e assumir a responsabilidade de liderar mudanças positivas, alinhadas à sustentabilidade”, afirma Luiza Jardim, membro do CADES.
O abaixo-assinado em apoio ao manifesto, que já conta com cerca de mil assinaturas, tem como objetivo mobilizar o apoio da população e demonstrar à Prefeitura de São Paulo a dimensão da importância de considerar os pontos apresentados.
Outro ponto da proposta é o fortalecimento da economia local. “Valorizar e integrar pequenos comerciantes e artesãos à cadeia produtiva do Carnaval não apenas estimula a economia dos bairros, mas também cria conexões mais significativas entre a festa e as comunidades que a acolhem. Essa abordagem visa transformar o evento em um motor de desenvolvimento regional, deixando um impacto positivo e duradouro”, diz Flávio Scavasin, coordenador adjunto do CADES Pinheiros.
Longe de ser apenas uma proposta teórica, o movimento já está em articulação com vereadores, lideranças culturais e com blocos de carnaval. Figuras como Nabil Bonduki, vereador e ex-Secretário de Cultura, têm apoiado o diálogo estratégico para viabilizar a iniciativa.
“O Carnaval Sustentável propõe transformar o maior evento de rua do país em um exemplo de inclusão, inovação e responsabilidade. São Paulo tem uma oportunidade única de aliar tradição e modernidade, criando um Carnaval que inspire mudanças e deixe um legado positivo e duradouro que transcenda as ruas”, conclui Ana.
Apesar de voltado para o Carnaval de Rua de São Paulo, o manifesto pode inspirar a sociedade civil de outras cidades brasileiras a pressionar suas respectivas prefeituras – confira o manifesto no CicloVivo
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