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Aquecimento global leva ciclo da água a novos extremos, mostra relatório

09/01/2025

Em 2024, a Terra teve o ano mais quente já registrado —pelo quarto ano consecutivo. O aumento das temperaturas está mudando a forma como a água se move em nosso planeta, causando estragos no ciclo global da água.
O relatório 2024 Global Water Monitor Report, divulgado em 5 de janeiro, mostra como essas mudanças estão provocando eventos extremos em todo o mundo. Nossa equipe internacional de pesquisadores utilizou dados de milhares de estações terrestres e satélites para analisar informações em tempo real sobre o clima e a água no subsolo, nos rios e nos corpos d´água.
Descobrimos que os recordes de precipitação estão sendo quebrados com uma regularidade cada vez maior. Por exemplo, os totais mensais de precipitação recorde foram alcançados com 27% mais frequência em 2024 do que no início deste século. Os recordes de baixa foram 38% mais frequentes.
Os desastres relacionados à água causaram mais de 8.700 mortes e desalojaram 40 milhões de pessoas em 2024, com perdas econômicas associadas superiores a US$ 550 bilhões (R$ 3,35 trilhões).
A quantidade e a escala de eventos climáticos extremos continuarão a crescer, pois continuamos a bombear gases de efeito estufa em uma atmosfera já superaquecida. O momento certo para agir em relação à mudança climática foi há cerca de 40 anos, mas não é tarde demais para fazer uma grande diferença em nosso futuro.
O ar mais quente pode reter mais umidade. É assim que uma secadora de roupas funciona. A consequência paradoxal é que isso piora as secas e as enchentes.
Quando não chove, o ar mais quente seca tudo mais rapidamente, agravando as secas. Quando chove, o fato de a atmosfera reter mais umidade significa que pode chover mais forte e por mais tempo, levando a mais enchentes.
Chuvas torrenciais e enchentes de rios ocorreram em todo o mundo em 2024.
Em Papua Nova Guiné, em maio, e na Índia, em julho, as encostas inundadas pela chuva cederam e enterraram milhares de pessoas vivas. Muitas nunca serão encontradas.
No sul da China, em junho e julho, os rios Yangtze e Pearl inundaram cidades e vilas, desalojando dezenas de milhares de pessoas e causando mais de US$ 500 milhões (R$ 3 bilhões) em danos às colheitas.
Em Bangladesh, em agosto, as fortes chuvas de monções e a abertura de comportas em barragens causaram inundações nos rios. Mais de 5,8 milhões de pessoas foram afetadas e pelo menos um milhão de toneladas de arroz foram destruídas.
Enquanto isso, a tempestade Boris causou grandes inundações na Europa Central em setembro, resultando em bilhões de euros em danos.
Na África ocidental e central, as inundações fluviais afetaram milhões de pessoas de junho a outubro, piorando a insegurança alimentar em uma região já vulnerável.
Na Espanha, mais de 500 milímetros de chuva caíram em oito horas no final de outubro, causando inundações repentinas e mortais.
Outras partes do mundo sofreram secas devastadoras no ano passado.
Na Bacia Amazônica, um dos ecossistemas mais vitais da Terra, os baixos níveis recordes dos rios cortaram as rotas de transporte e interromperam a geração de energia hidrelétrica. Incêndios florestais provocados pelo clima quente e seco queimaram mais de 52.000 quilômetros quadrados somente em setembro, liberando grandes quantidades de gases de efeito estufa.

Saiba mais na Folha de S. Paulo

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