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Saber ancestral cria casas e cidades mais frescas sem eletricidade

17/09/2024

Com as ondas de calor cada vez mais constantes, a necessidade de manter nossas casas mais frescas só aumenta. Infelizmente, o “homem moderno” usa recursos que dependem da eletricidade, do ventilador ao ar-condicionado, uma energia que tem um custo econômico e ambiental. Para piorar, muitas das construções atuais não levaram em conta a possibilidade de recordes de temperatura ou problemas no fornecimento de energia elétrica. Os projetos de arquitetura, com fachadas de vidro e janelas pequenas, também não ajudam a dissipar o calor.
A boa notícia é que existem técnicas ancestrais de construção, usadas a milhares de anos, que são eficientes e não dependem de eletricidade para baixar a temperatura dentro de casa. Antes de existir a eletricidade, civilizações antigas já lidavam com um clima seco e quente e este saber pode ser muito útil hoje, ajudando arquitetos e urbanistas a projetar construções e cidades mais resilientes às mudanças climáticas.
Os sumérios viveram na região onde hoje está o Iraque há cerca de 6 mil anos. Desde aquela época, as temperaturas já eram altas e a umidade baixa, com o sol forte durante praticamente todo o ano. Para lidar com essas condições, os sumérios construíram moradias com paredes grossas feitas de materiais capazes de absorver e liberar calor, como barro e adobe. As paredes absorviam calor durante o dia e liberavam durante a noite, de forma que resfriavam o interior das casas para o dia seguinte.
Outro recurso eram as construções unidas, como as casas geminadas que vemos em diversas cidades do Brasil. Essa configuração minimiza a quantidade de área de superfície exposta à luz solar direta. A ventilação e a luz natural encontravam caminho em pequenos pátios e as vielas estreitas garantiam sombra durante o dia para quem caminhava. Esse planejamento urbano criativo não apenas melhorou o resfriamento, mas também criou um senso de comunidade entre as pessoas, demonstrando que o design eficiente pode beneficiar tanto os indivíduos quanto a sociedade.
Os antigos egípcios também conviviam com um calor intenso e usaram o design para se adaptar da melhor forma possível. Enquanto muitos palácios eram feitos de pedra resistente ao calor, edifícios residenciais comuns eram geralmente feitos de tijolos de barro, que forneciam isolamento e proteção contra o sol.
Um recurso muito sofisticado usado pelos egípcios era um sistema de resfriamento conhecido como malqaf , uma torre de capturava o vento e direcionava as brisas para dentro dos edifícios, circulando ar mais frio e expelindo mais quente. Esse coletores de vento, eram direcionados na direção das brisas predominantes – uma tecnologia tão eficiente que é usada até hoje em regiões do Oriente Médio e da Ásia Central. Sem precisar de um ar condicionado elétrico, é possível, direcionar o ar mais frio para dentro das construções.
No sudoeste dos Estados Unidos, os povos originários também tinham seus próprios recursos para manter os ambientes frescos, mesmo com as altas temperaturas do exterior. As moradias tinham paredes grossas feitas de materiais resistentes ao calor, como tijolos de barro e pedras. Mas, eles foram além e incluíram a orientação de seus edifícios em relação ao sol.
Considerando o caminho do sol no céu, vilas inteira foram construídas em saliência de penhascos voltados para o sul, mantendo suas casas protegidas durante o verão e permitindo que a luz do sol as aquecesse no inverno. Esse uso deliberado da direção solar resultou em um sistema natural de gerenciamento de temperatura que ainda é aplicável em projetos arquitetônicos modernos. As moradias de adobe, originárias dos povos norte-americanos ainda são uma escolha popular no sudoeste dos EUA devido à sua longevidade e excelentes qualidades térmicas.

A reportagem na íntegra pode ser lida no CicloVivo

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