12/09/2024
O enfrentamento às mudanças climáticas requer mudanças profundas na construção civil. Contextualizando, o aumento de 1% nas emissões do setor de construção em 2022 foi equivalente a mais de 10 milhões de carros circulando a linha do equador da Terra, segundo a ONU. Sob tal perspectiva, um projeto europeu está testando o aproveitamento de conchas na fabricação de um concreto ecológico.
Liderado pela Universidade de Lancashire (UCLan) e a empresa LeftCoast, a iniciativa usa búzios e conchas de vieira descartadas. A matéria-prima é obtida de peixeiros em Fleetwood, uma cidade portuária em Lancashire, na Inglaterra. Do contrário, o material iria para aterros sanitários.
Mas qual o problema da fabricação tradicional de concreto? A produção de concreto requer grandes quantidades de areia, cascalho e água -, materiais cuja extração podem levar à destruição de habitats naturais e à erosão do solo. Outro problema é o cimento, um dos principais componentes do concreto, que é responsável por 8% das emissões mundiais de CO2, segundo o Instituto de pesquisa britânico Chatham House.
A solução proposta pela universidade reduz a extração de recursos naturais da terra e ainda produz um concreto permeável. Isso porque as conchas misturadas ao concreto resulta em um material poroso, que pode ajudar a prevenir inundações ao absorver a água e liberá-la gradualmente no solo.
Os testes mecânicos e hidrológicos da UCLan provaram que o concreto de concha permeável atende aos padrões do Reino Unido em resistência e permeabilidade. Além disso, embora o material não seja totalmente neutro em carbono, a Avaliação do Ciclo de Vida da universidade confirmou que ele tem uma pegada de carbono menor em comparação ao concreto convencional e ao concreto permeável tradicional.
Para fazê-lo, as conchas são lavadas, trituradas e peneiradas para que possam ser agregadas na mistura do concreto. A ideia é que o pavimento possa ser usado em contexto urbano, sobretudo em calçadas, estacionamentos e jardins.
“A ideia por trás do desenvolvimento deste produto era utilizar materiais residuais locais da indústria de mariscos para fazer um concreto permeável para o ambiente construído em áreas propensas a inundações. Ele envolve comunidades locais, empresas e governo na busca de soluções locais para os desafios causados pelas mudanças climáticas e pela superexploração dos recursos do planeta”, afirma o professor e líder do projeto Karl Williams do Center for Waste Management.
O material está sendo testado no jardim do People’s Pantry, uma iniciativa comunitária de alimentos, na cidade de Blackpool. Até agora, a ideia tem sido um sucesso, evitando o acúmulo de água em uma área propensa a inundações.
Fonte: CicloVivo
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