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O gigantesco experimento com árvores antigas que renova esperança no combate às mudanças climáticas

27/08/2024

Cientistas da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, concluíram que árvores mais antigas se adaptam e respondem ao ambiente.
Em um estudo com carvalhos ingleses de 180 anos expostos a altos níveis de dióxido de carbono por sete anos, os pesquisadores observaram que os carvalhos aumentaram a produção de madeira em quase 10%, contribuindo para a retenção de gases de efeito estufa e ajudando a combater o aquecimento global.
O estudo, publicado na revista científica Nature Climate Change, destaca a importância de proteger e preservar florestas maduras para enfrentar as mudanças climáticas.
Atualmente, o mundo perde o equivalente a um campo de futebol de floresta primária a cada seis segundos.
"Essa é uma história positiva e cheia de esperança", disse o professor Rob MacKenzie, diretor do Instituto de Pesquisa Florestal de Birmingham e coautor do estudo.
"É uma prova de que a gestão cuidadosa das florestas existentes é crucial. As florestas antigas estão fazendo um grande trabalho para nós. O que não devemos fazer é derrubá-las."
Os resultados são parte do experimento Face (Free-Air Carbon Enrichment), conduzido pela Universidade de Birmingham desde 2016 em um bosque de 21 hectares em Staffordshire. O objetivo do Face é entender em tempo real o impacto das mudanças climáticas sobre as florestas.
No experimento, tubulações foram instaladas entre os carvalhos para liberar dióxido de carbono (CO₂), simulando as condições que o planeta pode enfrentar se não reduzirmos as emissões de gases.
Após sete anos, a equipe de pesquisadores descobriu que os carvalhos aumentaram sua produção de madeira, retendo CO₂ por mais tempo e evitando seu efeito de aquecimento na atmosfera. Os carvalhos usaram o CO₂ para produzir novas folhas, raízes e biomassa lenhosa.
Embora novas folhas e raízes sejam depósitos temporários de CO₂, a maior parte do gás foi convertida em formas que podem ser armazenadas por várias décadas.
Estudos anteriores mostraram que árvores mais jovens podem aumentar a absorção de CO₂, mas acreditava-se que as florestas maduras não eram tão adaptáveis.
"É crucial entender o comportamento das árvores mais velhas, pois elas compõem a maior parte da cobertura florestal mundial", disse MacKenzie à BBC.
Apesar dos resultados promissores, ele alertou que isso não é uma solução para o problema das emissões de combustíveis fósseis.
"Não podemos simplesmente criar florestas suficientes para continuar queimando combustíveis fósseis como fazemos agora", afirmou.
O experimento foi estendido até 2031 para continuar monitorando os carvalhos e verificar se o aumento na produção de madeira persiste.
Richard Norby, professor da Universidade de Tennessee e autor do estudo, destacou a importância de manter o experimento por mais tempo para obter um registro mais longo e confiável.
Os pesquisadores também esperam observar como os níveis elevados de CO₂ afetam a longevidade das árvores e a biodiversidade local, como os insetos.
Durante o estudo, notaram um aumento em algumas espécies de insetos, possivelmente devido às mudanças nas condições do ar.

Fonte: Folha de S. Paulo

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