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Marcel Gomes, jornalista brasileiro, ganha “Nobel Verde” 2024

02/05/2024

O jornalista brasileiro Marcel Gomes, secretário-executivo da Repórter Brasil, será laureado com o Prêmio Goldman de Meio Ambiente de 2024 por ter planejado e coordenado uma investigação jornalística internacional que vinculou a carne vendida pela JBS em supermercados europeus ao desmatamento ilegal na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal. Com base nas evidências dessa investigação, seis grandes redes de supermercados europeus na Bélgica, França, Holanda e no Reino Unido, que juntas somam mais de US$ 30 bilhões em vendas, suspenderam indefinidamente a venda de produtos da JBS em dezembro de 2021.
“Ter mais transparência na compra e venda de produtos, nas cadeias de suprimentos de commodities, é uma maneira de pressionar para que todos – empresas, governos e consumidores – estejam mais atentos a práticas de produção que não sejam sustentáveis”, resume Gomes.
Concedido pela Fundação Goldman, o prêmio é conhecido como o Nobel do ambientalismo e homenageia anualmente seis defensores ambientais de diferentes regiões do mundo: África, Ásia, Europa, Ilhas e Nações-Ilhas, além das Américas (Norte, Sul e Central). Marcel Gomes é o quinto brasileiro a receber o prêmio. Em edições anteriores, a ministra Marina Silva e a liderança indígena Alessandra Munduruku já foram contempladas.
“Este prêmio reconhece o impacto que o jornalismo pode ter para proteger o meio ambiente e, no fim, melhorar a vida das pessoas. A Repórter Brasil foi capaz de fazer o rastreamento da cadeia da carne brasileira da fazenda até os supermercados no exterior, o que empresas diziam não ser possível fazer”, explica Gomes.
Os vencedores do prêmio serão homenageados nesta segunda-feira (29) em uma cerimônia presencial em São Francisco. Uma segunda cerimônia será realizada em Washington, DC, no dia 1º de maio. Os vencedores deste ano estão listados ao final do texto.
Em 2008, Marcel Gomes começou a construir a equipe de investigação da Repórter Brasil, utilizando uma rede de base de comunidades indígenas, ONGs locais e sindicatos de trabalhadores agrícolas para desenvolver um sistema de rastreamento da cadeia de suprimentos para a agricultura industrial. À medida que a pecuária se tornou o maior motor do desmatamento no Brasil, sua equipe começou a focar na cadeia de fornecimento de carne bovina. Seu trabalho passou a ser reconhecido por ONGs internacionais como um dos sistemas de rastreamento mais sofisticados de gado e desmatamento no país.
Em 2020, a ONG internacional Mighty Earth entrou em contato com Gomes enquanto conduzia pesquisas para uma campanha sobre a carne bovina brasileira fornecida a supermercados europeus. Após ele apresentar um plano detalhado sobre como expor as ligações entre a carne bovina da JBS e o desmatamento nos três principais biomas brasileiros, a Mighty Earth e a Repórter Brasil se uniram para dar início a essa investigação.
Nos seis meses seguintes, Gomes coordenou a investigação dos dados do rastreamento de produtos no Brasil e na Europa. Ele montou uma equipe de pesquisadores independentes em quatro países europeus, cuja tarefa era visitar vários supermercados e encontrar produtos de carne específicos fornecidos pela JBS, como a carne enlatada ou a carne seca da Jack Link’s. Os pesquisadores então enviavam uma foto do número de rastreamento padrão de exportação do produto do Brasil. A equipe de Marcel rastreou meticulosamente cada passo, data da visita, endereço do supermercado e localização do produto.
Uma vez que Gomes e sua equipe tinham acesso ao número de rastreamento, eles rastreavam a carne ao longo da cadeia de fornecimento, desde o frigorífico até o matadouro e, por fim, até a fazenda onde o gado era criado. Se a fazenda identificada tinha sido sancionada anteriormente por desmatamento, sua equipe trabalhava com trabalhadores rurais para corroborar os dados e obter mais informações. Depois que as fazendas eram identificadas, Marcel compartilhava as localizações com a equipe de mapeamento por satélite da Mighty Earth, que sobrepunha imagens tiradas todos os anos para medir o desmatamento nas proximidades de cada fazenda.
Em meados de 2021, com as evidências em mãos, Gomes entrou em contato com os frigoríficos e fornecedores implicados na investigação, enquanto a Mighty Earth comunicava-se diretamente com os supermercados, que não contestaram os fatos descobertos na investigação da Repórter Brasil e, diante de uma possível reação pública negativa, concordaram em anunciar boicotes em conjunto com a publicação do relatório. Enquanto isso, Marcel trabalhou com uma equipe jurídica para se preparar para a reação da JBS antes da publicação. Apesar de receber advertências dos executivos da JBS para não publicar a investigação, ele não recuou.

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