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Entenda por que o Brasil registrou uma taxa inédita de queimadas neste 1º quadrimestre do ano

02/05/2024

O Brasil registrou 17.182 focos de queimadas nos primeiros quatro meses deste ano, o maior número para o período janeiro-abril desde 2003, quando 16.988 focos foram registrados. Os dados oficiais foram divulgados na última quarta-feira (1º) pelo Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Este é o segundo ano consecutivo da gestão do presidente Lula que vem registrando um aumento do índice quando ele é comparado com o mesmo período do ano anterior - 81% em relação a 2023.
Segundo especialistas e o próprio Ministério do Meio Ambiente, todo esse aumento é uma consequência direta da piora climática do mundo e do poderoso El Niño deste ano, que trouxe secas longas principalmente à Amazônia.
Quando comparamos os biomas do país, os números também mostram um cenário de alta. Na Amazônia, por exemplo, com 8.977 focos, o primeiro quadrimestre de 2024 registrou a taxa mais alta de queimadas desde 2016. Naquele ano, o bioma teve um recorde de 9.315 focos entre janeiro e abril.
O índice inspira preocupação pois a temporada de incêndios geralmente ocorre na Amazônia entre junho e outubro, mas fazendeiros, garimpeiros e grileiros derrubam a floresta e se preparam para queimá-la durante todo o ano.
Já no Cerrado, que vem tendo altas taxas de desmatamento desde o ano passado, o primeiro quadrimestre de 2024 registrou a taxa mais alta do bioma de toda série histórica do Inpe, que começou em 1998. Somente de janeiro a abril deste ano o bioma teve 4.575 focos.
Para o climatologista Carlos Nobre, um dos principais especialistas em mudanças climáticas do mundo, o resultado de todos esses índices é crítico: "Em algumas regiões, especialmente no sul da Amazônia, no Cerrado e no Pantanal, os primeiros quatro meses do ano ainda correspondem à estação chuvosa, com destaque para janeiro e fevereiro".
"Porém, mesmo durante esse período, houve um recorde de queimadas, especialmente no Cerrado e até mesmo no Pantanal, que já havia enfrentado incêndios no final do ano passado, mesmo estando dentro de sua estação chuvosa", alerta Nobre.
No Pantanal, ainda de acordo com os dados do Inpe, 653 focos foram registrados nesse começo de ano. Desde 2020, quando as queimadas devastaram o bioma e mataram milhões de animais não se via uma taxa tão alta para esse período.
Em nota enviada ao g1, o Ministério do Meio Ambiente, explicou que os incêndios florestais que vêm sendo registrados no Brasil e em países vizinhos, como Chile e Colômbia, estão sendo agravados por dois fatores já conhecidos: as mudanças climáticas em curso e por um dos El Niños mais severos já registrados no mundo.
"O grave aquecimento registrado nos últimos meses provocou mudanças de padrão, como o avanço do fogo para áreas de vegetação nativa", destacou a pasta.
A análise é similar a de especialistas, que também destacam a degradação florestal e o aumento do desmatamento em alguns biomas como fatores em jogo.
Isso porque durante o processo de desmatamento, as árvores são primeiramente removidas utilizando métodos como o correntão - que possibilita a rápida retirada da vegetação nativa.
Em seguida, é comum que a área desmatada seja incendiada, o que resulta nos incêndios florestais.
Dessa forma, os dados anteriores de desmatamento funcionam como indicadores da extensão e impacto das queimadas, uma vez que estão diretamente ligados à frequência e gravidade dos incêndios.
Esses eventos climáticos extremos têm levado a um aumento sem precedentes nos incêndios florestais. E apesar da redução de 50% no desmatamento da Amazônia no ano passado, os incêndios ainda persistem devido a outras atividades humanas, como a abertura de pastagens e áreas agrícolas.
— Carlos Nobre, climatologista.
O índice que Nobre cita é o acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia Legal, que caiu pela metade no primeiro ano do terceiro mandato do presidente Lula — o melhor índice desde 2018. Por outro lado, o Cerrado registrou um aumento de 43% em 2023, atingindo o maior índice da série histórica do Deter no bioma.
Esses números levam em conta o chamado ano civil, ou seja, o período total de janeiro a dezembro.
E para especialistas, essa redução do desmatamento na Amazônia foi principalmente atribuída ao reforço das ações realizadas pelo Ibama nos últimos meses.
Isso porque houve um aumento significativo tanto nas operações em campo quanto nas ações remotas, além do aumento das multas aplicadas e das apreensões de equipamentos e produtos relacionados a atividades ilegais.
O desafio futuro, porém, consiste em garantir a implementação integral do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) e no Cerrado (PPCerrado), e na replicação de estratégias semelhantes em outros biomas.

Conclua a leitura no g1

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